Uma rapariga ansiosa?!.. e que tal uma viagem aos Açores
Adorei ler este livro! Foi uma viagem arrebatadora, não só pelos Açores, como ao meu interior. Ri, chorei e também fiquei um pouco ansiosa ao lê-lo. Foi como ver-me ao espelho em tantos momentos. Reconheci a Mel que eu era há uns tempos atrás, felizmente também eu soube abandonar essa pessoa que já só reconheço em recordações.
Mel é uma trabalhadora compulsiva que procura agradar a todos enquanto passa os fins de semana a afogar a solidão no álcool (infelizmente sei bem o que é isto). Depois de um ataque de pânico num supermercado (também sei bem demais este problema), Mel procura refúgio e foge para os Açores, onde reencontra uma tia distante. Viaja pela ilha de São Miguel com o fotógrafo Carlos, enquanto aguarda por uma mensagem e a visita do seu namorado esquivo (ahah este "fenómeno" também conheço bem demais). No entanto, a verdade é que mesmo nesse retiro idílico, as suas lutas internas persistem, conduzindo-a de volta a vícios antigos, isto porque ela apenas fugiu literalmente do seu problema.
A ansiedade não nos abandona, mas podemos fazer coisas que ajudem a minimizar isso, ler bons livros, com personagens identificáveis ajuda imenso. Obrigam-nos a olhar mais para nós e a sermos melhores pessoas e depois enchem-nos de esperança. Ler este livro foi quase como a experiência de Mel com o mergulho em alto mar. Era algo assombroso olhar para aquele mar imenso, mas depois no final quando mergulhamos bem no fundo vemos que nem tudo é assim tão mau ali dentro e emergi-mos com um sorriso nos lábios de encantamento e certezas daquilo que queremos. O final para mim foi simplesmente perfeito (apesar da sensação de "deja vu" que me causou várias lágrimas derramadas) o Carlos, o Garfield e a partida para uma nova vida. Os livros escolhem mesmo ser lidos e eu tinha de ler este livro agora, pois era tudo o que mais precisava. Obrigada à Rosa por me ter enviado este livro 🫶
Por fim, coloco a pergunta se perante a escolha entre dois caminhos distintos é possível escolher um e ainda assim poder voltar ao outro tempos mais tarde? Eu acho que sim, a vida não é um caminho sempre a direito e tem muitos desvios e caminhos que se cruzam. Os livros terminam sempre com um dado final (gostemos ou não), porém, tal como a vida, a história continua.